Eu e eu
Ao som de destruição pessoal alheia começo a procurar sentindo no que fazer comigo mesma. São tantas vontades e desejos. E eu simplesmente não sei o que fazer. Com um riso frouxo, meio sacana penso em lugares, bocas e sabores. Todos me confundem e me sinto diante de uma loja inteira de sonhos. Adoro tudo o que vejo toda vez que abro o olho e sinto muito não segurar tudo o que sai pela minha boca. Escapam palavras asperas e lamentações banais. Encaro qualquer realidade com a mesma vontade de transaformá-la. Nunca satisfeita, eu não amo, ou se amo não sei onde isso começa ou termina. Tudo fica no campo do desejo, se tem fundamento ou não, eu deixo a palavra pra quem acha que sabe de alguma coisa. Sou constantemente cambaleante em certas vidas, pedinte em outras, melancólica em alguns pequenos momentos e várias vezes sou tão perdida que acabo confundindo os passos alheios também. É divertido viver uma vida errante, é como andar na rodovia sem saber se falta muito ou pouco e se onde vou chegar vale a pena. No meio do caminho eu conheço pessoas e coleciono as preferidas. Descarto que não faz diferença e saboto as que considero interessantes. Gosto do calor de cada diálogo tendencioso e mais ainda de cada beijo não programado. Eu sei, todos devem imaginar que é dificil se relacionar com alguém como eu. Por isso poupo a todos, não faço amigos nem me lembro deles. Não tenho namorados passados e nem faço questão de me lembrar de quem um dia disse me amar. Também não me preocupo em definir o que sinto e nem o que pretendo sentir. Manipulo meus sentimentos por prazer e salvação própria. Não se preocupe em ir embora ou entrar na minha vida. Ninguém altera o que sou e dificilmente vai deixar saudade. Sou mútavel e satisfeita com isso. Sou minha melhor companhia e também inimiga em muitos casos. No fim não preciso de nada, tenho e crio o que ou quem preciso. É tão simples que parece até brincadeira.