O gosto das estações
A garota que escreve sua juventude busca companhia nas palavras. Encontra sossego ao forjar situações e amores. Ela vive colocando brilho nos olhos de alguém e trocando de roupa na esperança de também trocar de vida. Cada dia da sua vida parece escorrer pelos dedos com grandes e pequenos feitos, mas nenhuma surpresa. Seus amantes nunca batem à sua porta quando ela mais quer amar. Em contrapartida, quando ela é sua melhor companhia, surgem cartas, bilhetes, sorrisos e tudo mais que não seja bem-vindo no momento. É difícil entender as linhas tortas de sua vida. Uma vida que poderia ser tão confortável, como a desses filmes onde os amigos sempre estão a postos e os homens voltam atrás com buquês enormes e serenatas. A garota tende a acreditar em mundos que não existem e escutar palavras nunca ditas. No fundo ela só quer ser alguém para todos os momentos e não uma falta que varia de acordo com a estação. Ela também sonha em se sentir confortável novamente. E ela sabe onde encontrar tudo o que procura. Resta saber se este lugar ainda está lá.