Claro

Aquele sorriso sacana me gelava a alma. Ele me olhava com olhos de quem queria diversão. Eu acreditava num desfecho diferente. Tentava me livrar do que via e ouvia. Aquela voz curtida que saia da boca dele me convencia do engano. Eu relutei. Tentei entrar na piada pra ficar mais perto. As gargalhadas não foram confortáveis assim como o abraço seco e cambaleante que ele reservou pra mim. Ele não parava. A noite passava e ele brincava. As palavras que ele usava não faziam sentido. Aquele tom debochado não era comum. Tudo ficou claro com o dia. O silêncio comprovou minhas suspeitas. Eu estava querendo fazer o certo com quem não queria nada demais.