O cais
Daquele cais eu nada quis levar. O dia era tarde e o vento como quem queria consolar, abraçava toda uma vida. Naquele mar deixei escapar não só saudade como também a vontade de amar. De tanto que você quis, de tanto fez questão, arranquei do peito novo todo aquele amor juvenil que outrora explodiu. Os anos passaram aos trancos por este corpo que agora não tem eira nem beira pra encostar. Foi no cais que eu esqueci de mim pra esquecer de você. Foi bem na hora da revoada que encontrei alivio. Paz pra essa velha vida errante que não viu na moradia a solução pra solidão. E se o amor não se perder, naquela garrafa mal tampada que deixei boiando, espero que encontre coração mais vivo e boêmio, porque este aqui, não quer mais brincar de guardar nem de sangrar.