A brisa

O tempo mudou. O céu clareou e trouxe com ele um elemento novo. O sol não foi novidade quando tudo começou, ele sempre aparece de uma forma ou de outra, até porque tempestades nunca duram para sempre. A novidade veio de uma brisa leve, suave, algo inquietante, malicioso, que me rondava e tocava inconveniente minha pele toda vez que eu me escorava na janela. A porta eu nem ousava abrir, não queria minhas cortinas esvoaçando nem nada caíndo pelo chão.

E todos os dias a tal brisa esperava a hora certa, a oportunidade perfeita pra aparecer e revirar meus cabelos e pensamentos. Até que aos poucos fui me acostumando com sua presença, porque ela foi ficando cada vez mais insistente e encorpada, fazendo cada vez mais estragos a ponto de me fazer notar sua presença sempre.

Comecei então a me envolver com ela, abri a porta para que entrasse e ela não só entrou como revirou tudo como eu ja esperava, mas a essa altura eu ja não me irritava com ela, muito pelo contrário, ela era mais quente, mais confortavel, ja não tocava com receio minha pele, mas me envolvia por inteiro.

De brisa faceira, vi meu novo amor se transformar num furacão, torpor de vida e sentimento que não só entrou revirando e expulsando todos os meus medos, tristezas e mágoas, mas principalmente me trouxe vida, felicidade e calor.

Hoje não vivo mais a portas e janelas trancadas, não há nada que me prenda ou motivo para que eu me prenda.

Com você aprendi a voar, obrigada A.