Planos tortos
A salvo de qualquer estratégia falha, coloco minha cabeça em lençóis brancos e me disfaço em lembranças e visões. Não há o que me arrepender e pouco quero deixar desaparecer.Os anos que se foram eram livres, fáceis e mansos. Nada a temer, nada a arriscar e sempre alguém querendo dar a vida por um sorriso meu. Era divertido adivinhar o destino e mordiscar os acontecimentos. Hoje não há quem fique lado a lado. As vidas são singulares e distantes. Tudo e todos parecem desaparecer aos poucos. Chega então o momento que pensei nunca viver. Agora quero tanto tocar o futuro de alguma forma. Descobrir se nele há algo que me prenda. Finalmente quero companhia de alguma forma. E o querer se desdobra em planos tortos e não convenientes. Eu gostaria de dividir sorrisos e planos. Gostaria de preencher espaços. Gostaria que alguém também o quisesse. Uma vida sem amanhã não é uma vida interessante.