O estranho

Vagava silencioso pela rua trazendo a noite e as horas com seus passos. Encontrava o poste e nele ficava escorado a faiscar seu cigarro. Sabe-se lá quantos cigarros sublimavam naquelas noites. Por trás das cortinas eu ficava a admirar qualquer movimento aflita e curiosa. Mas ele não se movia, nada de gestos ou sons. Apenas o corriqueiro, os cigarros, as faíscas, as roupas balançando com o vento e o rosto nas sombras. Enquanto o medo e o desejo ardiam em meus olhos, nada parecia acontecer com ele. Só nunca entendi, por que sempre vagou na minha rua, por que sempre fitou estático minhas cortinas, mas principalmente por que nunca bateu à minha porta.