O que faz aqui?

A meia luz falo de um quase romance que não teve força suficiente para crescer. Uma mentira amarga que sorria ao meu lado enquanto eu fugia pra qualquer lugar dentro de mim que ainda tivesse paz. Roubou aos poucos não só minha felicidade, mas minha casa, meus pais, minha vida inteira. Eu o ouvia sibilar ao pé do ouvido, mas todos estavam surdos para notar o perigo e mudos para me confortar. Por sorte os anos encobriram o fim e também os meios. Ainda me culpam por rir um riso malicioso frente ao desfecho. Eu no entanto não espero compreensão e não acredito que alguém retire a acusação. Ficam as meias palavras jogadas na espera de um texto firme que nunca se formou. Sobram memórias com sabor agridoce que sinceramente não consigo definir se me agrada ou me enoja. Os dias passam e suas ameaças não fazem mais sentido. Não sinto o medo, nem o frio de tempos passados. Os olhos que transbordavam tristeza e pavor ao vê-lo se aproximar não existem mais. Sinto o gosto de pena brotar na boca a cada passo que dá e olhar intimidador que me lanca. Solte suas frases prontas, elas só mostram o quanto a sua cabeça é vazia. Fale também das suas conquistas sujas, mas não pense que eu as admiro. E não me convide mais para sentar em sua mesa, acabou qualquer paciência e bons modos. Não tente me punir por isso, não temos mais as forças de antes, o jogo agora é de igual pra igual.