O interrogatório
Os dias somam-se às minhas perguntas. Já nem sei se vivo mais dias ou se faço mais perguntas. Investigações minuciosas que parecem querer arrancar de mim a todo custo a verdade. Mas eu não sei qual verdade. A luz forte balançando sobre nossas cabeças. Você me interroga e eu te devolvo o ponto. Deixo tudo na narrativa e compartilho a minha loucura com você. É como um virus, caro amigo. Começa lento. Algumas dúvidas. Pensamentos frouxos que você nem sabe por onde escorregaram. E por fim, a paranóia. Esses questionamentos não vão te levar ao dia do crime. Você não sabe aonde quer chegar por isso não sabe por onde começar. Tão simples. Tão doce. Tudo não se passou apenas em uma noite. Vasculhe mais, encontre o calendário. Nele marquei cada singelo dia que passou por você despercebido. Os mesmos dias que me arrancaram lágrimas, sonhos e palavras.