Cotidiano

Faz um bom tempo que não corro meus dedos pelo teclado querendo dizer algo que nem todos entendem aqui. Resolvi retomar essa alegria momentânea, até porque não estou vendo nada melhor no momento. Não tenho grandes histórias nem palavras melosas ou de impacto agora. Só uma vontade de falar com alguém. Que no caso, só pode ser meu computador. Interessante minha interação esses tempos. Acordo sem "bom dia". Tomo café com a Ana Maria Braga. Fico os 10 minutos de sempre procurando minhas chaves e enfim saio de casa. Começo esperando o elevador. Dentro dele é engraçado, as vezes é preciso dividir o cubículo de metal com mais alguém. O intrigante é que os olhares são rápidos, os gestos cautelosos e as palavras pouquíssimas. Mas é um dos poucos momentos do dia em que ainda me deparo tão de perto com alguém da mesma espécie. Momento marcante de fato. O "oi" para o porteiro. Pobre porteiro, passa o dia com sua caixa mágica a cores e só, ouvindo estalos de portão travando e destravando. (A parte que odeio é acordá-lo de um cochilo bom.) A partir daí, só rua, velocidade, olho no relógio sempre. De repente muitas pessoas aglomeradas, mas nenhuma que eu me lembraria depois. Complicado isso. Mas também... Me lembro de pouca coisa. [risos] Acho melhor assim. E ruas e mais ruas. Rodas. Pernas. Tudo se mistura. E quando os ruídos acabam. Estou de volta com o velho amigo computador. Companheiro de refeições. Informante do mundo. Ele me consola com seus horóscopos. Me condena com certas reportagens. Pena que não alivia minha dor nos pés e nas costas. Mas é um excelente companheiro na hora do café. Manhãs, tardes e noites frente à luz hipnotizante da tela quadrada. Meus dedos já se movem por si só pelo teclado. Mais uns biscoitos. Mais uma olhadinha pra televisão, que outrora já foi companheira. Mas isso foi antes, nos tempos em que os desenhos eram legais. Quando eu achava que beijos eram nojentos. [risos] Boa época a infancia. Voltemos ao relato de um dia da minha vida correspondente a um de "feira",claro. Chega a hora de cama sem "boa noite" e reviradas de insônia. É sempre um longo caminho até que tudo se apague realmente. Mas é nessa hora que tenho silêncio, escuridão e raramente um sonho. [risos]